O estilo de vida ocidental está associado a elevados níveis de
stress, o que por sua vez acarreta com uma diminuição da qualidade de vida e múltiplas
consequências negativas para a saúde. Intuitivamente associa-se o stress a um maior
envelhecimento, fruto do desgaste causado pela ativação crónica de vários
sistemas fisiológicos.
Mas será que existe realmente uma relação causal entre stress e
envelhecimento?
Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences
(DOI:101:17312-17315) analisou o impacto do stress nos telómeros,
que correspondem a porções de DNA nas extremidades dos cromossomas. A função
dos telómeros é a de proteger a degradação do genoma. No entanto, cada vez que
as células se dividem os telómeros das novas células são mais curtos.
Assim, por um lado, o encurtamento dos telómeros é uma medida
muito precisa do envelhecimento biológico e, por outro lado, quanto mais curtos,
maior o risco de várias doenças, sobretudo cancro.
O que se encontrou foi uma diminuição do comprimento dos
telómeros associado a níveis mais elevados de stress e tempo de exposição ao
stress. Nas pessoas expostas a maiores níveis de stress o encurtamento dos
telómeros foi tal que correspondeu a um envelhecimento biológico de 10 anos.
Por isso, o stress é um problema que não deverá ser banalizado,
mas alvo da maior atenção como problema de saúde pública e cabe também a cada
um de nós procurar formas de o reduzir.
Nuno Rodrigues Silva
Médico Psiquiatra