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Stress e Envelhecimento
⌚ 30.10.2020
O médico explica

O estilo de vida ocidental está associado a elevados níveis de stress, o que por sua vez acarreta com uma diminuição da qualidade de vida e múltiplas consequências negativas para a saúde. Intuitivamente associa-se o stress a um maior envelhecimento, fruto do desgaste causado pela ativação crónica de vários sistemas fisiológicos.

Mas será que existe realmente uma relação causal entre stress e envelhecimento?

Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences

(DOI:101:17312-17315) analisou o impacto do stress nos telómeros, que correspondem a porções de DNA nas extremidades dos cromossomas. A função dos telómeros é a de proteger a degradação do genoma. No entanto, cada vez que as células se dividem os telómeros das novas células são mais curtos.

Assim, por um lado, o encurtamento dos telómeros é uma medida muito precisa do envelhecimento biológico e, por outro lado, quanto mais curtos, maior o risco de várias doenças, sobretudo cancro.

O que se encontrou foi uma diminuição do comprimento dos telómeros associado a níveis mais elevados de stress e tempo de exposição ao stress. Nas pessoas expostas a maiores níveis de stress o encurtamento dos telómeros foi tal que correspondeu a um envelhecimento biológico de 10 anos.

Por isso, o stress é um problema que não deverá ser banalizado, mas alvo da maior atenção como problema de saúde pública e cabe também a cada um de nós procurar formas de o reduzir.

 

Nuno Rodrigues Silva

Médico Psiquiatra