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OS NOSSOS MÉDICOS RESPONDEM: Qual o impacto da pandemia por COVID-19 na saúde mental dos profissionais da saúde?
⌚ 05.06.2020
Centro Hospitalar Hospitalar Conde de Ferreira

Qual o impacto da pandemia por COVID-19 na saúde mental dos profissionais da saúde?

A emergência sanitária mundial causada pela atual pandemia pela Covid-19 está a ser um dos maiores desafíos para os profissionais da saúde que alguma vez tiveram de enfrentar ao longo das suas carreiras profissionais. Revisando a literatura, especialistas de todo o mundo coincidem em assinalar que o stress laboral, o risco de contágio, a falta de meios adequados, quer materiais quer humanos, para fazer frente à luta contra o vírus e à situação de quarentena, poderão causar estragos importantes na saúde mental dos profissionais de saúde que estão na linha da frente na luta contra a atual pandemia.

Um grupo de investigadores de diferentes países (Espanha, Noruega, Austrália e Reino Unido) fez uma revisão sistemática da literatura com o objetivo de identificar e sintetizar a evidência científica disponível sobre o impacto na saúde mental dos trabalhadores da saúde que estão à frente de surtos virais epidémicos (quer o atual quer os prévios). Da síntese e análise dos dados proporcionados por 61 estudos obtiveram três resultados importantes:

 

-A frequência de problemas de saúde mental em profissionais da saúde que estão na frente de emergências sanitárias causadas por epidemias virais é especialmente elevada: estimativas obtidas através da realização de diversos estudos indicam uma elevada prevalência de ansiedade (45%), seguida de depressão (38%), stress agudo (31%), burnout (29%) e stress pós-traumático (19%). A análise dos subgrupos mostrou ausência de diferenças significativas nas prevalências durante vs depois das emergências sanitárias, o que sugere que os efeitos sobre a saúde mental poderão manter-se a longo prazo.

 

-Determinados fatores sociodemográficos, sociais e ocupacionais aumentam de forma significativa o risco de sofrer problemas de saúde mental: a revisão mostrou um maior risco de sofrer problemas de saúde mental em função de fatores sociodemográficos (maior risco em mulheres e profissionais mais jovens), fatores sociais (falta de apoio social, sofrer rejeição social, ou estigmatização), e fatores ocupacionais (desenvolver tarefas assistenciais na primeira linha, ser profissional de enfermagem, não ter recebido formação especializada sobre este tipo de situações, e ter menor experiência laboral).

 

-O nível de evidência científica em relação às intervenções para proteger a saúde mental dos profissionais da saúde é muito baixo: apenas três dos 61 estudos identificados nessa revisão avaliavam o impacto das intervenções para proteger a saúde mental dos profissionais da saúde. Ainda que estes estudos sugiram que as intervenções propostas até a data (baseadas em mudanças na organização e na formação dos profissionais da saúde) poderiam melhorar a eficácia dos profissionais, assim como ajudar a prevenir a ansiedade, a depressão, e a qualidade do sono, a evidência disponível até a data é muito baixa.

Esta revisão supõe um apelo para que governos e autoridades de saúde levem a cabo ações urgentes dirigidas a proteger a saúde mental dos profissionais da saúde que estão na frente da luta contra o coronavírus. Isto é necessário não apenas para poder dispor dum sistema de saúde forte e resiliente que permita fazer frente a este desafio ou a desafios futuros; mas também, sem dúvida, porque é o nosso dever proteger os nossos profissionais da saúde que têm feito um grande sacrifício.

Aproveito para parabenizar e agradecer a todos os profissionais de saúde que trabalham no Centro Hospitalar Conde Ferreira pelo grande esforço realizado, desempenhando as tarefas inerentes às suas funções com profissionalismo, responsabilidade e dedicação, sempre pensando na proteção e cuidado dos nossos doentes.

MUITO OBRIGADO!


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