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Esta frase é por mim ouvida inúmeras vezes! Doentes que alteram a sua vida social, a sua vida de relação, o seu dia-a-dia por acharem normal perderem urina, ou seja, terem incontinência urinária. A incontinência urinária é a perda acidental de urina que pode acontecer nas mais diversas situações, desde durante a realização de esforços, durante as relações sexuais, durante a manipulação de água, entre outras. Infelizmente, a incontinência urinária ainda é, para muitos, encarada como um tabu, condicionando muito a forma e o modo como o doente procura ajuda para o tratamento deste problema. Muitas vezes, dado o incómodo que este problema causa, o doente isola-se, abdicando de toda a sua vida social. Tal facto deve-se ao medo que o doente tem de que os outros se apercebam.
Em todo o mundo, há mais de 60 milhões de pessoas a sofrer de incontinência urinária. Só em Portugal, são estimadas 600 mil e com o envelhecimento da população, este número tem tendência a aumentar. Estima-se que cerca de 20 % da população com mais de 40 anos tenha algum grau de incontinência urinária. Sem dúvida, que as mulheres são as mais afectadas por esta patologia, nomeadamente entre os 45 e 65 anos.
Existem vários tipos de incontinência urinária: a incontinência de esforço, a incontinência de urgência e a mista, entre outras.
A incontinência por urgência, ocorre repentinamente, acompanhada de uma vontade súbita de urinar que não pode ser adiada, sendo que, como o próprio nome indica, a incontinência mista uma combinação das duas.
Este tipo de incontinência urinária ocorre na sequência de contracções da bexiga involuntárias ou por diminuição da capacidade normal da bexiga, não sendo possível muitas vezes identificar uma causa específica.
A incontinência de esforço refere-se a pequenas perdas de urina que acontecem quando o indivíduo se ri, tosse, espirra, faz exercício, entre outras actividades que requerem contracção muscular. Quando as perdas de urina são causadas por esforço, o defeito é geralmente do mecanismo esfincteriano ou da mobilidade da uretra, ou seja, o mecanismo que impede que a urina saia da bexiga, enquanto esta vai enchendo.
Muitas dessas pessoas sofrem em silêncio, sem necessidade, e não realizando inúmeras atividades comuns quotidianas com impacto na sua qualidade de vida.
A colheita de uma história clínica cuidadosa é fundamental para o estabelecimento de um correto diagnóstico clínico. A história deve incluir obrigatoriamente detalhes sobre o tipo, tempo e gravidade da incontinência urinária. Nas mulheres, uma história obstétrica e ginecológica minuciosa e detalhada pode ajudar a compreender a causa e identificar os fatores que possam ter impacto no planeamento terapêutico da incontinência urinária.
Contudo, independentemente do tipo, a grande maioria delas tem tratamento com elevada taxa de cura através de procedimentos específicos e minimamente invasivos. A cirurgia, nomeadamente no tratamento da incontinência urinária de esforço, tem um papel muito importante não apenas pela sua elevada eficácia mas também pela sua simplicidade de execução com mínimos efeitos indesejáveis para o doente. Esta cirurgia minimamente invasiva, tem uma alta taxa de sucesso e ao contrário das técnicas clássicas com cirurgia aberta, a taxa de recidivas é extremamente baixa. É uma cirurgia segura e com uma taxa de complicações reduzida, possibilitando uma muito rápida recuperação sendo na maioria das vezes estes procedimentos efetuados em ambulatório, ou seja, com tempos de internamento inferiores a 24 horas.
Por tudo isto e muito mais, é imperativo que não se aceite a incontinência urinária como um dado adquirido e procure um Urologista para discutir e planificar o seu tratamento, se possível recorrendo a métodos inovadores e minimamente invasivos tendo posteriormente uma repercussão enorme na sua posterior qualidade de vida.
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